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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Seminário de Acolhimento Familiar reunirá profissionais da América Latina em Foz

Avanços, troca de experiências e intercâmbio de informações dos profissionais que atuam no acolhimento familiar estarão em destaque em Foz do Iguaçu no Seminário Latino-Americano de Acolhimento Familiar, programado para acontecer em setembro. O evento, realizado pela Rede Latino-Americana do setor, já está sendo organizado pelo órgão, em parceria com a Rede Proteger, a Fundação Nosso Lar e a Itaipu Binacional. Na semana passada, membros da Relaf — cuja sede é na Argentina — estiveram na cidade, onde se reuniram com os parceiros.

Realizado desde 2003, o Seminário Latino-Americano de Acolhimento Familiar da Relaf é organizado anualmente e reúne profissionais, gestores e executores de políticas públicas na área da criança e do adolescente de todo o continente e da Europa, como convidados. Sua última edição, em 2009, em Buenos Aires, contou com 530 pessoas de 22 países da América Latina e de países europeus.

Como explicou a assistente social e responsável pelo setor de comunicação da Relaf, Sara Josefina González, a visita a Foz teve como meta dar continuidade à organização do seminário, que tem também o apoio da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, do governo federal.

Com o tema "Celebração das Experiências. Fortalecendo os avanços na garantia do direito à família", o evento tem como diferencial o ato de dar atenção às famílias que acolhem crianças e adolescente e a estes jovens, que poderão falar de suas experiências. "Pretendemos que seja a própria família a protagonista deste seminário. As famílias e as pessoas que tenham vivido ou crescido em acolhimento, que possam expressar suas experiências, que possam se relacionar com outras pessoas, de outros países", explicou Sara.

Políticas

De acordo com ela, ao se falar de acolhimento, deve-se também se referir à convivência familiar. Ou seja, à vivência com a família de origem, "que tem de alojá-los no coração e em casa. Mas há famílias que por diversas razões não estão em condições de fazer isso e outras se prestam a ajudar e a alojar. Isso é acolhimento", informou.

Nesse sentido, a adoção é considerada uma forma de acolhimento. No entanto, tem uma legislação específica, diferente à do acolhimento. "Há os acolhimentos pré-adotivos, em que as famílias ficam com as crianças e adolescentes temporariamente, até que outra possa adotar. Mas há outras crianças que transitam pelo acolhimento durante muito tempo, até poder voltar a viver com a sua família de origem ou viver sozinhos, mas continuar vinculado com a sua família."

Conforme a assistente social, as questões que afetam a realidade de crianças e adolescentes são similares na América Latina, tendo como raiz o aprofundamento da pobreza, que impede o acesso à educação, saúde e ao acompanhamento.

"Em geral falamos de problemáticas vinculares [de vínculo com as famílias], mas também há uma influência muito forte da pobreza, que em nossos países é muito importante. Não podemos deixar isso de lado na análise, por isso há tantas crianças e adolescentes que têm de passar um tempo em situação de acolhimento."

Para resolver essas questões, na avaliação de Sara, é necessária não apenas a criação, mas a aplicação de políticas públicas. Nesse sentido, nos últimos anos houve avanços importantes, como a constituição das Secretarias Nacionais dos Direitos Humanos no Brasil e na Argentina.

"Este é um avanço ideológico muito importante. Mas só isso não alcança, pois a política pública tem de ser executada. O que passa é que tantos anos de pobreza, de ruptura de laços comunitários, familiares, sociais, fazem com que se deva pensar em políticas muito dirigidas a solucionar este problema e políticas que sejam nacionais", contextualizou.

Por esse motivo, o seminário visa a ajudar os criadores e executores das políticas públicas a ter uma maior compreensão do que significa, na vida dos jovens, poder crescer em uma família.

O Seminário Latino-Americano de Acolhimento Familiar está marcado para os dias 2 a 4 de setembro, em Foz, ainda em local não definido.
Gazeta do Iguaçu

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